segunda-feira, 16 de julho de 2012

O problema da musica - o mundo desconhecido

Eu já escrevi um artigo com tema similar antes no "Pequeno Ensaio sobre a Musica", todavia, o artigo que compartilho com vocês hoje é de carater mais pessoal e inspirado pela leitura de Adorno, filosofo alemão da Escola de Frankfurt que meditava sobre a musica e seus problemas.


A musica, para muitos, é uma mercadoria, e como tal, vive num mundo onde o novo pode se tornar obsoleto com extrema velocidade, e mais tarde, se tornar sensação novamente para depois se tornar obsoleto e assim por diante. É um ciclo e a Industria Cultural sobrevive por causa deste ciclo. É certo que ela produziu "generos" e "estilos" extremamente questionaveis para um ouvido atento, todavia, por que são tão populares? Oras, como já dito, a musica é uma mercadoria, então, as pessoas não estão focadas em ouvir musica, e sim, consumi-la. Se você ainda não está convencido que a musica que escutas foi reduzida ao patamar de mercadoria, é bom notar que as musicas fabricadas hoje em dia seguem padrões de fabricação, bem como "critérios de qualidade" estipulados pela Industria Musical. O processo de produção tem que ser rapido e facil, para facilitar a venda e ainda atingir um publico vasto já acostumado a ouvir e se entreter com os produtos que a Industria Musical fabrica. As "novas sensações" que esta fomenta, como já dito, não passam de um reciclagem do que já foi feito, ou uma mutação de um estilo musical já existente, como o sertanejo que foi distorcido e violentado; e esta distorção foi chamada por símios ocientais de "Sertanejo universitário".

Mas não se desesperem meus caros, a "musica como mercadoria" é só uma infima e insignificante fração de um universo muito maior. Não é por que essa infima fração é a mais conhecida que significa que a musica se resume a isto. Não, meus caros...E o que existe além desta infima fração? Muitos morrerão sem fazer essa pergunta e sem ao menos ousar ultrapassar os limites estabelecidos pela Industria Musical, pois esta garante segurança e abrigo ante um mundo escuro e desconhecido que conhecemos como musica. Limitados a condição de vis consumidores, as pessoas não buscarão a contemplação, mas reduzirão as musicas a sapatos, a camisas, e a objetos.

Mas comigo foi diferente...

Mesmo vivendo num ambiente afastado do Mercado imposto pela Industria Musical, no sentindo de não consumir o que ela fabricava, eu estava limitado ao que os meus pais ouviam: MPB, Rock Classico e Rock Nacional.
Antes de conhecer o metal, já tinha curiosidade em conhecer algo mais pessado e apaixonante que Pink Floyd e Ratos de Porão. O metal me parecia um mundo supra-sensivel que não se podia conhecer e muito menos se pensar sobre ele.
O descobrimento do metal foi um choque, um fenomeno que me manteve perplexo por 6 meses. Tive que superar os dogmas do metal extremo para prosseguir em minha jornada, consciente que havia ainda muitas coisas para descobrir neste vasto universo e que tais dogmas seriam um verdadeiro obstaculo em minha jornada. Me aprofundei cada fez mais naquele mundo desconhecido, e então decobri musicas que eram pessoas, musicas que eram mundos inteiros...A impressão era que o compositor tinha criado um mundo novo do zero, como se as montanhas fossem melodias e as mudanças adruptas de tempo representassem as mais severas tempestades. Em outras palavras, a musica tinha se tornado um instrumento de contemplação e admiração do mundo ao meu redor...É ela a minha unica companheira quando ando pelas sebes, entre as arvores e entre os rios. Não me passa na minha cabeça que, um pagodeiro ao andar pelas sebes diga: "Porra, aqui seria um bom lugar para ouvir sorriso maroto"...Quer dizer, a proposta de tal grupo musical está muito longe da contemplação de um universo de arvores, rios, montanhas...O folk metal, no caso, foi feito inspirado na contemplação deste universo. A musica dentro do ambito estabelecido pelo mercado da Industria Musical se inspira num estilo de vida banal, que não inspira maiores coisas alem de conservar o falso romantismo e o tenaz impulso de consumir.

Ao digitar este vil artigo, deves estar pensando que eu sou um homem que sempre buscou transpor limites dentro do universo musical, não? Aliás, é esta a virtude que propus. Mas não estaria, eu, preso numa limitação que eu proprio estabeleci, e sob a qual, não tenho consciencia dela? Seria eu um homem fechado e pouco eclético como dizem? Bom, deixo essas perguntas no ar a titulo de redigir um final que pareça épico e poético, já que nós, escritores incopetentes e vagabundos, somos especialistas na arte de ludibriar o leitor com finais eloquentes e que propõem algumas questões pretensamente filosoficas.

Até breve e tenham um bom inverno!

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